São Paulo escreve uma carta - Rembrandt Harmenszoon van Rijn, Museu de Nuremberg, Alemanha. |
Capítulo 15 de "O Evangelho Segundo o Espiritsmo, de Allan Kardec" – Fora da Caridade não há salvação – itens 6 a
7 “A caridade segundo São Paulo”
Certa vez Ghandi afirmou que “Se todas as escrituras cristãs se
perdessem e só restasse o SERMÃO DO MONTE, nada estaria perdido, pois ele
resume a essência do Cristianismo”. O mesmo podemos dizer dos textos Paulinos,
se todos eles se perdessem e restasse apenas o Capítulo 13 da Epistola aos
Coríntios, nada estaria perdido...
O texto de Paulo sobre a Caridade (o amor em algumas traduções)
é o mais belo poema das escrituras desde o Sermão do Monte, pois coloca ao
nosso alcance a total compreensão do que é o AMOR ensinado pelo Cristo.
“Se eu falar as línguas dos homens e dos anjos, e não tiver
caridade, sou como o metal que soa, ou como o sino que tine”. Paulo compara
aqui a ausência da caridade em nosso coração à frieza do metal, que apesar de
ressoar melodicamente, não tem música por si mesmo...
A caridade esta para o homem como o sineiro está para o sino. É
a caridade que impulsiona o AMOR em potência na alma humana à ação da bondade
no mundo.
Sem as mãos que puxam a corda o sino não tine, sem o impulso da
caridade manejando nosso AMOR nossas ações no mundo são estéreis...
“E se eu tiver o dom de profecia, e conhecer todos os mistérios,
e quanto se pode saber; e se tiver toda a fé, até a ponto de transportar
montanhas, e não tiver caridade, não sou nada.”
Paulo equipara nesse trecho a caridade ao dom da mediunidade
sublime que se não for abençoada pela finalidade útil do serviço ao próximo é
sem significado, assim como a FÉ que mesmo robusta e inabalável é vazia sem as
obras do bem que somente a caridade é capaz de edificar.
“E se eu distribuir todos os meus bens em o sustento dos pobres,
e se entregar o meu corpo para ser queimado, se, todavia não tiver caridade,
nada disto me aproveita”. Aqui Paulo esclarece perfeitamente que a Caridade
deve animar todo e qualquer gesto de BENEFICIÊNCIA bem como todo e qualquer
sacrifício pessoa.
Quando está ausente a caridade o gesto de ajuda de inúmeras
campanhas, iniciativas de benemerência e obras de filantropia, o benefício se
restringe à ESMOLA que auxilia, mas ultraja e faz sofrer, humilha e tira a
dignidade.
“A caridade é paciente”, ensina o apóstolo a nos lembrar que a
bondade de compreender o ritmo de cada um é grande dádiva que podemos fazer pra
com quantos façam parte de nossa vida.
“A caridade é benigna”, continua Paulo, lecionando que a bondade
é a própria alma da caridade que se movimenta impulsionada pela grandiosidade
da alma sem que se dê conta dessa grandeza.
“A caridade não é invejosa” – poderíamos imaginar o AMOR
sentindo inveja, uma vez que o AMOR é tudo e tudo alcança e constrói?
...“A caridade não obra temerária nem precipitadamente”. A
caridade é segura de si mesma, pois conhece que só o bem pode produzir,
despreocupa-se deliberadamente do FRUTO de suas ações, pois que na CARIDADE a
semeadura não espera colheita, mas apenas SERVIR E PASSAR...
Muitas vezes nos queixamos FIZ TANTO POR FULANO E RECEBO ISSO EM
TROCA? Com certeza não foi Caridade... A Caridade nada espera, porque quer
apenas a alegria de ajudar. Por isso Paulo ensina que ela “não se ensoberbece,
não é ambiciosa, não busca os seus próprios interesses”...
Quem está na trilha da caridade deve colher a recompensa do
tesouro de seu próprio coração na forma de consciência tranquila e felicidade
intima, porque GRATIDÃO e RECIPROCIDADE não são moedas que busca quando o
genuíno e caridoso amor nos ampara.
Na caridade a serenidade nos envolve inteira, porque conscientes
de que agimos embalados por ideais superiores não alimentamos irritação ou
desconfiança. Razão porque Paulo afirma que a caridade “não se irrita, não
suspeita mal”.
A caridade tem total senso de justiça, porém não julga nem
discrimina, AJUDA sem perguntar quem é, porque sofre, como chegou até tal ou
tal situação... A CARIDADE tem a VERDADE em si mesma, porque é consubstanciada
no afã de colaborar: “não folga com a injustiça, mas folga com a verdade”.
Continua ensinando Paulo de Tarso.
“Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo sofre”. Os anjos da
caridade que o mundo conheceu foram capazes dos maiores sacrifícios a fim de
cumprirem seu mandato de amor na Terra. São modelos a seguir e estímulos à
perseverança no bem em todos os tempos...
Vidas como a de Chico Xavier, Vicente de Paula, Tereza de
Calcutá, Irmã Dulce da Bahia e tantos ouros são cartas magnas da caridade que o
céu envia à Terra para que nossa bússola não perca o rumo na direção do AMOR
INCONDICIONAL.
Escultura de Murilo Sá de Toledo, Praça da Sé, SP |
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