Capítulo 18 de "O EVANGELHO SEGUNDO
O ESPIRITISMO", de Allan Kardec – Muitos
os chamados e poucos os escolhidos – itens 3 a 5 - A PORTA
ESTREITA.
Ensinou Jesus: Entrai
pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que leva à
perdição, e muitos são os que entram por ela. Que estreita é a porta, e que
apertado o caminho que leva para a vida, e quão poucos são os que acertam com
ela! (Mateus, 7:13-14).
Estudando o ensinamento de
Jesus, Allan Kardec afirma: “A porta da perdição é larga, porque as más paixões
são numerosas e o caminho do mal é o mais frequentado. A da salvação é estreita
porque o homem que deseja transpô-la deve fazer grandes esforços para vencer as
suas más tendências, e poucos se resignam a isso”.
Para entender bem essas
afirmativas, é preciso deixar bem claro para nós o que vem a ser SALVAÇÃO
segundo o contexto evangélico.
Os Dicionários nos ensinam
que SALVAÇÃO é: ação ou efeito de salvar(-se), de libertar(-se), pessoa ou
coisa que salva (de perigo, situação difícil etc.)...
A definição que me
pareceu mais apropriada foi a do Dicionário Houaiss: passagem de uma
situação difícil para outra confortável; redenção, resgate, remissão; triunfo,
vitória, independência.
Para o Espiritismo SALVAÇÃO
ganha um significado mais amplo do que a “Felicidade eterna após a morte”, pois
para a Doutrina Espírita não existe a condição de PERDIÇÃO, pois que DEUS de
Misericórdia e Justiça infinitas sempre concede à criatura que erra, condição
de “reencontrar-se” no caminho do bem.
Salvar-se seria literalmente,
furtar-se de um perigo. Que perigos seriam esses de que Jesus se ocupa a fim de
nos ajudar a sermos felizes?
Os grandes perigos que existem e que são,
genuinamente, ameaças para a nossa FELICIDADE não estão situados no mundo
externo, que por vezes nos parece tão perigoso e hostil, e sim em NOSSO MUNDO
ÍNTIMO.
Essas ameaças à nossa
FELICIDADE PLENA são as nossas imperfeições morais, as nossas más tendências,
frutos de viciações morais e comportamentos inadequados que fomos repetindo
vidas após vidas, cristalizando nosso espírito na condição de “infrator da Lei
de Deus”.
Romper com essas más
tendências é exatamente a passagem pela “porta estreita” de que nos fala o Evangelho,
pois, acostumados no erro, acomodados à zona de conforto do comportamento
conhecido é sempre um desafio para alma a ATITUDE DE MUDAR.
Quem venceu um vício como
drogas, álcool ou tabaco sabe bem a grande luta que se combate para vencer um
inimigo que nós mesmos criamos dentro de nós com nossas escolhas.
Mudar é sempre angustiante.
Cobiçamos a condição melhor de nos livrar do mau comportamento, mas o medo do
desconhecido, a abstinência daquilo a que nos acostumamos, o preço da
libertação de todas as compensações físicas e psicológicas a que nos habituamos
com o erro... Tudo isso são fatores que agravam o desafio de MUDAR.
Se fraquejarmos, relaxamos
com nossa autoeducação e caminhamos conforme de costume, para a porta larga das
viciações, da acomodação e da repetição dos mesmos equívocos que – já o sabemos
– nos farão chorar e sofrer depois.
Como já dissemos em outras oportunidades
DEFINITIVAMENTE, CHEGA DE SOFRER! Esse negócio de “aqui se faz aqui se paga” já
deu o que tinha que dar! Já estamos de posse de conhecimentos espirituais
LIBERTADORES e não se justifica mais aprender com o SOFRIMENTO e a DOR.
É hora de progredirmos com a
INTELIGÊNCIA, a razão, o bom senso. Porque continuar com ATITUDES que sabemos
que mais adiante vão me fazer sofrer? Isso se chama IGNORÃNCIA.
É o velho hábito da FEIJOADA
ASSASSINA! Você já sabe o mal estar que vai sentir na hora da digestão... Os
desarranjos gástricos, a preguiça e a sonolência das toxinas do alimento,
aquela sensação de O QUE FOI QUE EU FIZ? Mas ainda assim, passamos reto no
balcão de salada e nos rendemos ao PRAZER IMEDIATO da suculenta FEIJOADA.
Assim também é com nossos
VÍCIOS MORAIS... Já os conhecemos, a eles e às suas malditas consequências...
Mesmo assim sucumbimos à TENTAÇÃO do prazer imediato, da compensação
psicológica. E repetimos a mesma ATITUDE ASSASSINA da nossa Paz Interior. Isso
tem o nome de AUTOCORRUPÇÃO!
Você já sabe o que é bom e
faz bem. Você já sabe o que é ruim e faz mal. Mas AUTOSABOTA a sua felicidade
caindo de novo na ilusão de errar para ganhar. Auto sabotagem é o mesmo que
jogar a polpa doce e nutritiva da fruta fora e comer a casca e os caroços.
Romper com a cadeia do erro
cobra da criatura um grande esforço. Mas o Espiritismo com sua finalidade nobre
de facilitar o PROGRESSO DA HUMANIDADE nos informa quis os meios que podemos
usar para essa vitória sobre as nossas próprias iniquidades.
A primeira ferramenta que o
ESPIRITISMO recomenda é a oração. Com a oração, que é a nossa ligação mental,
sincera e fervorosa com nosso Pai Celestial, fazemos uma verdadeira faxina psíquica
e nos ligamos ás forças espirituais do bem, dispostas a nos fortalecer a
vontade e a intrepidez.
Orar, é um hábito simples.
Não há para a oração local mais apropriado ou menos apropriado. Nem horário nem
condição. A criatura pode elevar seu pensamento a DEUS em qualquer hora e
lugar, sob qualquer circunstância e entregar-se aos amorosos cuidados da
Providência Divina, sempre solicita em nos cumular com as bênçãos das forças
espirituais.
A prece ou oração tem como
requisito “patir de um coração sincero”. Devemos apresentar nossos medos e
anseios, desejos e esperanças a DEUS com sinceridade de coração. A DEUS NINGUÉM
ENGANA. Apresentemo-nos mentalmente ao PAI sem escamotear nossas mazelas que
ELE com toda certeza deseja nos ajudar a vencer.
Outra condição é que a oração
seja INTELIGÍVEL ou seja, que seja compreensível primeiramente para nós, como
um COMUNICAÇÃO, a oração deve ser uma mensagem simples e objetiva, dispensemos
as orações decoradas e textos prontos. Deixemos o coração e a mente falar de
nossos próprios sentimentos a Deus.
A segunda ferramenta que o
ESPIRITISMO apresenta para nossa evolução é o AUTOCONHECIMENTO. No Espiritismo
chamamos esse processo de REFORMA ÍNTIMA e se constitui na autoanálise diária,
sem medo de nos enfrentarmos e nos conhecermos. Avaliamos nossas ações e
atitudes e buscamos enumerar nossos equívocos.
Conhecendo suas faltas, fica
mais fácil ao Espírito educar-se. Partir para a reparação dos erros e evitar
cometer os mesmos equívocos em oportunidades semelhantes.
Encontramos na questão
número 919 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS de Allan Kardec uma esclarecedora resposta
dos Espíritos: Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se
melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal? – “Um sábio da antiguidade vos disse: Conhece-te
a ti mesmo.”
Continua ensinando nessa
questão, o Espírito de Santo Agostinho de Hipona: “Fazei o que
eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência,
passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever,
se ninguém tivera motivo para de mim se queixar.
E
complementa: “Aquele que, todas as noites,
evocasse todas as ações que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo o
bem ou o mal que houvera feito, rogando a Deus e ao seu anjo de guarda que o
esclarecessem, grande força adquiriria para se aperfeiçoar, porque, crede-me,
Deus o assistiria. Dirigi, pois, a vós mesmos perguntas, interrogai-vos sobre o
que tendes feito e com que objetivo procedestes em tal ou tal circunstância,
sobre se fizestes alguma coisa que, feita por outrem, censuraríeis, sobre se
obrastes alguma ação que não ousaríeis confessar”.
Os benefícios do
autoconhecimento são inúmeros, mas o principal dele é a LIBERTAÇÃO do peso de nossas
imperfeições e a POSSE DE SI MESMO tornando-nos criaturas conscientes de nossas
falhas e de nossas potencialidades.
AUTOCONHECENDO-SE a criatura
pode conceber um PLANO DE AÇÃO EXISTENCIAL e partir para a ampliação das
virtudes que já possui e cujo exercício a fortalece e educar-se segundo suas
expectativas de felicidade, suas capacidades e tendências mais nobres.
A mais nobre e eficaz
ferramenta que o ESPIRITISMO oferece-nos como potencializadora de nossa
FELICIDADE é no entanto aquela legenda que constitui a sua diretriz máxima:
FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO.
Entendendo a CARIDADE como o
AMOR EM AÇÃO, o Espiritismo compreende que a sua prática em todas as dimensões
de nossa vida, constitui exatamente o cumprimento da proposta educativa do
Cristo Jesus que nos recomendou AMAR incondicionalmente todos ao nosso redor.
Com a prática do AMOR nossas
virtudes se dinamizam, robustecem e NATURALMENTE vão vencendo uma a uma as
nossas imperfeições morais, estabelecendo um novo patamar de comportamento e
ação: o daqueles que evoluem porque amam, amam porque são inteligentes, são
inteligentes porque querem ser FELIZES!
Alimentando a esperança e o
otimismo, o buscador da VERDADE encontra alegria de viver. Vence suas
imperfeições. Supera as vicissitudes comuns da vida cotidiana e ganha outros
valores que não a satisfação imediata dos sentidos e das ilusões, optando pelos
bens IMPERECÍVEIS DA ALMA que são a finalidade última da nossa existência.
Passar pela PORTA ESTREITA
não é fácil. Mas quem de nós aqui acha que ser feliz é fácil? Que sabor teria a
felicidade de fosse coisa corriqueira que não cobrasse esforços e luta para ser
obtida?
A alma humana adora desafios!
Ama aventuras! Aventuremo-nos! Aceitemos o convite para o AUTOCONHECIMENTO e
vamos caminhar decididos no rumo da FELICIDADE. Nos encontraremos na reta de
chegada, uma vez que TODOS FOMOS CRIADOS POR DEUS PARA SERMOS FELIZES.... Adiar
o começo dessa jornada pra que?
ooi querido Dezinho
ResponderExcluirmuito difícil entrar pela porta certa mesmo
pq as paixões e vícios são muito atrativos
mas é preciso coragem para fazer uma auto-análise e responder se realmente precisamos dessas delícias terrenas e os motivos. assim vislumbrando nosso real propósito nesta vida terrena logo teremos de novo reencontrado o verdadeiro caminho que é a porta que nos conduzirá a Deus.
bjo meu lindo amigo
lidia45